Tête-a-Tête: Paixão e Amor.
“Naturalmente, não se tem sucesso em tudo, mas é preciso querer tudo”.
Jean-Paul Sartre.
É sempre um enorme questionamento: Paixão e Amor. Mas estar “apaixonado” e “amar” são dois sentimentos distintos. A ideia de que paixão e amor é um caso só é um grande equívoco, responsável pelo fracasso de inúmeros casamentos. Por quê? Porque a paixão é garantida pela impossibilidade. O próprio verbo já diz: TU te apaixonas e TU amas o OUTRO. Quando uma pessoa SE apaixona por outra, acontece um processo natural e humano – chamamos isso de projeção – o Outro passa a ser o objeto da projeção. Ou seja, nós projetamos os nossos ideais e desejos na outra pessoa – são perspectivas que na verdade, são nossas e inconscientes. Ocorre que NÓS nos apaixonamos por NÓS mesmos… Por isso, a paixão é uma projeção de nossos ideais/fantasias em relação ao Outro que habita em Nós.
A paixão acontece para que possamos nos aproximar e nos envolver. As “imperfeições” próprias de todos os seres humanos ficam ocultas por um véu de glamour e idealizações que com o tempo serão substituídos pela realidade que se apresentará no decorrer da convivência.
O amor tem a ver com aceitação. Eu descubro o Outro e o aceito como ele é. O que descubro no parceiro pode satisfazer-me ou não, mas esse é o movimento. Dessa maneira, EU opto por estar com aquela pessoa por quem um dia estive apaixonado (a), não por que o parceiro (a) corresponde a todas as minhas expectativas, mas porque eu escolho compartilhar a vida ao lado dele (a).
Por exemplo, Tristão e Isolda: proibidos de se amarem quando na corte, estavam perdidamente apaixonados; na floresta, livres da proibição, acabou a paixão, retornavam à corte – e a proibição, e se apaixonaram novamente. A paixão é sempre o amor proibido ou ainda não conquistado, onde todos os impulsos são vividos com extrema intensidade: é o máximo de amor, de ciúme, de ódio.
Não é por acaso que as pessoas se apaixonam com maior facilidade quando existem obstáculos externos. Não raro, à distância geográfica faz com que parceiros fiquem entusiasmados e levados há uma paixão súbita. Outro fator intrigante são os proibidos, como às pessoas que são casadas, etc. Estas asseguram um certo espaço de afastamento e, portanto, o proibido os dão liberdade.
Mas isso não exclui completamente a paixão. O ser humano continua a projetar, sempre. No entanto, dizemos que a paixão é um tempero. Esse tempero como qualquer outro, deve ser usado com sabedoria para não comprometer a fórmula.
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