“(…) nunca nos achamos tão indefesos contra o sofrimento como quando amamos, nunca tão desamparadamente infelizes como quando perdemos o nosso objeto amado ou o seu amor. Isso, porém, não líquida a técnica de viver baseada no valor do amor como um meio de obter felicidade”.
Sigmund Freud (1856 – 1939). “O Mal Estar na Civilização”.
Todos nós dependemos de alguma maneira do outro e vice-versa. E, quando vivemos uma relação amorosa, nossas vidas se convertem em laços, há intimidades e prazeres exclusivos dos parceiros de realizar coisas juntos.
A presença de um no pensamento do outro é frequente. Na dose certa, essa ligação é normal sendo considerada bastante saudável para o relacionamento. Porém, as experiências nos dão pistas que só haverá admiração entre o casal se ambos respeitarem as suas subjetividades. Seja no trabalho, nas amizades, etc.
Mas, nem todos os parceiros acertam na dosagem, e em alguns casos, a dependência de um chega a beirar a sujeição em relação ao outro. O que às vezes leva a essa situação é a ilusão que algumas pessoas têm de obter a completude absoluta junto do companheiro. Tornando-se impossível.
É claro que seria injusto definir uma pessoa somente por seu lado amoroso. Freud estimava que somente 20% tinham sorte no amor. Uma das razões é que há problemas que só descobrimos quando nos damos à oportunidade de nos vincular afetivamente. A relação amorosa põe à prova não só nosso nível de maturidade emocional como nossa sanidade. Se há dúvidas que “LOUCOS” também amam, devemos nos lembrar de todas as coisas “anormais” cometidas por “amor”. Na realidade, “amor e loucura” andam lado a lado e fazem uma parceria de alto risco. Entretanto, só a razão e o bom senso é que impedem o rompimento dessa fronteira, levando os problemas do casal a extremos insustentáveis.
Um desses problemas é justamente a excessiva dependência. O amor se torna uma espécie de veneno no qual as pessoas se tornam dependentes, passa a ser medicamento para combater: inseguranças, incertezas e ambivalências naturais da relação e também uma fórmula para curar a angústia da existência. Nossa! É desgastante demais para o amor. Já analisado o problema encontrou um diagnóstico: AMOR PATOLÓGICO. O que Freud, já havia descrito o “tipo erótico”: aquele que vive para o amor e cujo principal temor é perdê-lo. Mas, é quase impossível mantê-lo, dentro desse contexto desenfreado. “Levando esse perfil ao vício da busca”.
Será mesmo que à mulher é mais dependente que o homem? Há controvérsias sobre esta afirmação. Na verdade, são as mulheres que se expõem, expressam mais à sua fragilidade e são mais corajosas quando amam, pois deixam tudo para viver ao lado do companheiro. No que tange ao (“sexo forte”), a dependência é camuflada, com seus mecanismos de defesa, ou seja, por atitude defensiva contrária, ou ficando escondida sob a forma de ciúme possessivo – convertido em subjugação da mulher. Quanto mais o homem é dependente e frágil de suas emoções, no que ele não consegue dominar em si mesmo, mais precisa oprimir a parceira. Um dos grandes riscos nesses casos é o de a fome juntar-se com a vontade de comer. O que acontece é que uma das partes acaba se submetendo aos desejos e fantasias do outro, e este oprime como se tudo fosse normal.
Nessas situações há uma curiosa associação entre o estar amando e a fragilidade emocional. O condicionamento de traços infantis, de dependência e os fantasmas presentes na vida adulta direcionam a maneira de amar. Assim sendo, a dependência na relação amorosa tem efeitos colaterais. Qualquer distância ou indiferença do parceiro dispara forte angústia. A pessoa perde o brilho pessoal e pode terminar sendo percebida como insuportável. Ainda há o perigo de ser explorado (a). Quando se vive só para o parceiro (a), deixa-se de lado, tudo aquilo que causa prazer… Não se desfruta mais da vida e carrega o relacionamento com expectativas exageradas e frustrações, colocando-a em risco de desgaste. Não é uma situação confortável e, desse estado, o que acontece é uma baixa autoestima, só sendo possível enfrentar na maioria das vezes: com terapia, aliada à fé e à força de vontade de seguir adiante.
Melissa Bittencourt
As suas matérias são educativas. Trabalhar junto ao serviço de saúde mental, no serviço social, seria uma boa. Uma vez minha terapeuta me disse, que esse tipo de gente são comparadas a vampiros. Concorda?
bjsss
Eduardo Riganelli
Como é importante o equilíbrio de afetos e o respeito às caraterísticas de cada um em uma relação amorosa!!
Nesta matéria Luziane nos detalha tudo isso desde o ponto de vista da dependência de cada uma das partes na outra e o perigo que os excessos podem trazer.
Para aqueles que falam ou até entendem o italiano vale a pena prestar atenção em uma das músicas que tocam durante a leitura, o autor se propõe a dar toda a proteção de que seu amor carece para enfrentar o mundo e as suas próprias fraquezas, será que esta “invasão de privacidade” vai dar certo ao longo do tempo?
Não tenho a resposta mas a canção é belíssima!!
Marta Fabiany
Algumas dessas colocações nos caem como luvas, e muitas vezes nós mesmos praticamos com quem amamos, ou pensamos amar…
O pior de uma relação é aquele efeito prisão, repentinamente tu não és mais dono de tua vida, acaba mudando tudo por conta do outro, abre mão da companhia dos amigos, muda sua rotina, e quando vai perceber esta infeliz, deixando de ser voce.
Dra. Luziane, algumas vezes eu vejo seu trabalho, gosto da maneira leve com que escreve, da sutileza, nos pega no meio do caminho, e nos faz parar, refletir, pensar, e até olhar para nós mesmos.
Freud, possui na extensão de sua obra, (provocar) no tocante a condição humana, teve coragem de expor o que ninguem tem, mas no fundo quer!, o impenetrável e impossível universo humano !
É bom viajar dentro de nós, conhecer a nós mesmos.
Ferrari Veri
Extremamente muito bem feito todos os teus artigos. Sem dúvidas que nos leva a refletir sobre nós mesmos,e sobre todas as situações.
ELIZ CAPUCHO
Que bom ver que vc foi em busca dos seus ideais. Vc já tinha na veia esse lado intelectual mesmo na época de faculdade!! abraços e sucesso!!
Leo Palermo
Credo che il divorzio e la facilità di rompere una relazione, abbiano risvegliato paure ataviche, specie nell’uomo, che sono: La paura dell’abbandono e il senso della proprietà esteso alla compagna.
katia antonio
UI… posso não comentar??? rsrsrs… Luzziane como sempre espectacular!!! E posso dizer que vivi situações bem semelhantes…. Seus artigos continuam ajudando-me imenso, só temos que agradecer a sua escolha de profissão… bjos e obrigada!
Marcelo
Isto tudo exemplifica muito bem os relacionamentos. Quem nunca passou por uma situação em que “respira” a vida do outro sem muitas vezes percebermos que sufocamos o parceiro com excesso de ciúmes e inseguranças…. em contrapartida, também temos nossos momentos de “opressores” onde consciente ou inconscientemente exercemos um papel quase que “tirânico” sobre aqueles que se deixam levar por essa dependência amorosa!
Parabéns pelo belo texto!
Beijo!
Geraldo Sartor
Muito relevante, sabio e oportuno seu texto.
Bjs.
Geraldo
Joe
Eu sou eu. Tu és tu. Ele, o Amor, é ele. Ele nos abraça, nos envolve apesar de nós. Eu e tu, sem Ele, não seremos nós. Ele, por ser incondicional, nos dá a liberdade de sermos nós se assim o desejarmos.
Eu e tu, condicionais, criamos os limites que, nos aprisionam e impedem de vivermos a liberdade, em toda a sua plenitude. Eu e tu não somos o amor! Nem o amor é nós. Nós ao descobrirmo – lo, precisamos aprender a conjugá-lo como a um verbo para só então, talvez, quem sabe, um dia consigamos nos tornar UNO, nos tornar como o Amor, incondicionais.
michele angelillo
Non e’ semplice sintetizzare ,in un testo breve, la problematica credo piu’ importante e piu’ difficile che interessa la vita di ogni essere umano.Piu’ importante perche’ la condivisione totale di una emozione,di una sensazione e’il momento piu’ sublime di una esistenza.La vita dell’uomo si differenzia da quella degli altri esseri viventi proprio …per il sentire.Piu’ difficile perche’ l’incontro di due mondi e’ sempre un evento di per se traumatico.L’innesco di meccanismi di autodifesa ,di paure,di senso di possessivita’ ,di mancanza od eccessi di autostima ,sono ….inevitabile e nella maggior parte dei casi,alla lunga ,devastanti.
Nascono dalla condizione di essere.. umani,anche fragili, non perfetti e quindi spesso vittime delle nostre…. debolezze.Perche’ sempre di debolezze si tratta.
Luzziane e’ stata molto brava ad evidenziare le problemetiche,le dinamiche di coppia, con semplicita’ e chiarezza.Questo riesce solo quando si e’ perfettamente padroni dell’argomento,con la dovuta prepaeazione ed equilibrio.Complimenti.
Joana Ferreira
Boa matéria e ótimos argumentos. Acho que o difícil às vezes é colocar em pratica… Adorei o site, às matérias, às músicas… Beijos
Maristela Mendonça
Eu acho que todos estes comportamentos se referem ao quadro de TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo. É uma doença que não conseguimos nos curar sozinhos e nem só com a de força de vontade. Muitos leigos acham que é falta de fé, força de vontade, mas a pessoa está sob fortíssima influência da ansiedade, e esta ansiedade, só conseguimos alcançar uma melhora com a psicoterapia para superação das obsessões e compulsões, mas é um trabalho longo, pois não existe milagre na terapia… Forte abraço Luzziane.
Obs: Trabalho também com a psicanálise, para mim é um dos melhores métodos dentro das terapias.
Douglas Moraes
Acredito que o equilíbrio num sentimento,se alterna,e se move diante de estímulos concebidos,em cada individuo,pois cada um, ama dentro da sua maneira de ser.
E assim, se faz uma variável abstrata.
Mas concordo sim,que o relacionamento pode se tornar patológico, e condicionado a imposições,sejam por fragilidades de personalidade,ou de outros fatores.
Como: Educação,sócio-econômico,doença comportamental,religião,e mores.
E dentro do fator cultural, se estabelece normas de conduta que são delineadas, e devem corresponder com o que é lógico num relacionamento. O que não for …Se faz inapropriado. E desajusta.
Thiago Augusto
Complicadíssimo falar sobre a relação “entre duas singularidades”…
Tenho muita dificuldade em aceitar um modelo de relação ideal…
Vou comentar somente na perspectiva de experiências vividas.
Acredito que somente o conhecimento, o intelecto é capaz de manter uma relação amorosa… O amor enquanto sentimento, como diz Caetano Veloso “é uma semente”, plantou ele nasce, cresce e se desenvolve com tranformações (positivas ou não).
O amor pode se tranformar negativamente com todas adversidades da vida a dois, mas talvez, eu acredito q com conhecimento de mundo, plenitude, sabedoria, ou seja, fatores emocionais racionalizáveis (que em alguns casos são complementos do que chamamos de amor), temos mais possibilidade de AMAR, sem sufocar, sem ciúme patológico, sem desgaste…
Uma opinião bem íntima, um pouco poética e nada científica… rsrs
Parabéns por mais um belo artigo com ótimos comentários!
Abraços!
Marielle
Algumas vezes vivemos relacionamentos em que nos tornamos pessoas inseguras e ciumentas, devido as diversas traições e mentiras. Ficamos presos a esse tipo de relacionamento, acorrentados. Muitas vezes ficamos doentes devido a humilhações, segredos, a estarmos sempre em segundo plano na vida de quem amamos. Nos deixamos usar pela pessoa, acabamos nos culpando pela situação e deixamos de perceber que nosso companheiro também tem problemas, que precisa de mulheres bonitas e ricas pra poder se auto afirmar, que finge ser uma pessoa equilibrada, razoável, perante a sociedade, mas que não passa de um tirano emocional.Você passa a ser a bóia de salvação dessa pessoa, pq quando está mal e sozinho ela te procura, porque sabe que vai encontrar apoio, carinho e respeito, mas quando se interessa por outra te deixa de lado, humilha.Espero nunca mais viver algo assim…
Seu artigo me ajudou muito…
Marielle
Esqueci de comentar: mulheres bonitas e ricas que conhece pela internet e que muitas vezes nem tem contato, vive um tipo de amor platônico. Larga namorada, mulher, pra viver uma ilusão…digo ilusão pq na maioria das vezes o perfil era fake…kkk.Vai entender…
Psicanalista
Marielle:
Não é fácil esquecer uma paixão. Segundo o seu relato, “o que esse homem faz contigo é um jogo, quando sente que você o esta esquecendo, ele não quer lhe perder e lhe procura”.
Possivemente, tem a necessidade de sentir-se desejado por várias mulheres. O perfil de homem quer ter “estepes” – lembra à criança que gosta de brincar de esconde-esconde. Tem o desejo de sentir-se dono e/ou ter poder sobre algumas mulheres, como se demarcasse territórios, porque dessa forma sente-se mais poderoso.
Na realidade, é o tipo de sentimento quantitativo e não qualitativo. Mas pelo o que foi mencionado no seu relato: “a pessoa demonstra amar a si mesma, bem mais do que as mulheres que conquista”. Por isso precisa de autoafirmação. De qualquer maneira, se tornou uma pessoa que não lhe faz bem. E, nesse caso, ainda busca mulheres ricas e bonitas pela internet? “Um caça-dotes”. É possível que a autoestima dele aumente conforme o número de mulheres que conquista.
Se esse parece ser o caso desse homem por quem você está apaixonada. Ele é sedutor e vive para conquistar.
Parece que você o deseja porque ele lhe enxerga como uma a mais, e isto lhe desafia conquista-lo.
Como ele sabe que já lhe conquistou – talvez você já não seja um desafio para ele. Nessa hipótese, você está com pouca habilidade e baixo desafio, o indivíduo entra em uma situação de desinteresse, pois tem capacidade para resolver questões muito mais complexas.
Mas, como as nossas decisões não podem ser tomadas por terceiros, apenas nós podemos encontrar a solução: só você poderá se encontrar. A psicanálise não tem o propósito de aconselhamento. Contudo, deixarei um ponto de vista: talvez a melhor decisão seria fazer um “luto”, para poder de uma vez por todas enterrar o que só lhe faz sofrer. O luto, significa: enterra-lo simbolicamente. Enterrar o passado saudoso que vocês tiveram, o presente no qual você sofre com a ausência dele, e o futuro que você planejou junto com ele.
É preciso entender que a pessoa não tem recursos para dar o amor que lhe é necessário, para que você possa viver uma relação afetiva satisfatória. Mas, não se iluda, o defeito também é sedutor.
Marielle
Ele realmente é muito sedutor, agradável, divertido, inteligente. É o tipo de homem que faz amizade facilmente, especialmente com mulheres, ele gosta do desafio da conquista, mas depois que atinge seu objetivo perde o interesse ou então quebra a cara.
Não fui enganada, conheço muito bem ele, sei quando está mentindo e quando arrumou mais uma conquista, mas é a mania que mulheres como eu tem de querer mudar o homem, mudar seu caráter e claro, de conquistá-lo. Esperei conquistar o amor dele, formar uma família, fazer ele ver que esse tipo de jogo, de atitude só faz mal, muito mais a ele do que as suas conquistas.
Ele é o tipo de homem que se acha muito esperto, mas sempre acaba sendo enrolado, pq de conquistador, ele passa a conquistado.As mulheres que ele conhece, especialmente pela internet e com as quais ele não tem um contato real, acabam falando o que ele quer ouvir e ele perde a cabeça completamente, larga tudo pq acha que vai viver um “grande amor” ou uma grande “paixão” e então quando ele descobre que era tudo falso, é a hora que ele me procura…mas logo acontece tudo novamente…é ciclico.
Já sofri muito com isso, já perdoei várias vezes, mas do que isso vale…quando lembro de algumas coisas chego a ficar doente de raiva, chegou ao ponto que nem no facebook dele podia escrever, pq ele dizia que eu estava marcando território, não podia colocar fotos nossas nem no meu, pq ele dizia que não gostava de fotos (muito menos fotos em que estava acompanhado da mulher)…marcar território…como se eu sendo a mulher dele não tivesse o direito de nada, nem de saber o que ele estava fazendo e com quem…
Quando ele terminou comigo, disse que gostava de mim apenas como uma amiga,ele estava atrás de uma moça, uma modelo (ele achava que era), mas o perfil era fake. Só que quando descobriu isso ele voltou a vir atrás de mim e mesmo depois que me mudei de cidade, ele voltou a me procurar. Afinal, era uma situação muito comoda pra ele, sem compromisso, sem cobranças e eu aceitei (um grande erro) e agora está acontecendo a mesma coisa…outra conquista e ele fica em cima do muro novamente…rs
Ele com certeza vai ler isso e não vai gostar, mas não importa, quero que leia…
Maria Cristina
Fantástico o texto,não se pode pensar muito a respeito,pois tudo é verdadeiro e ai se ficar pensando muito vc pira.