O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA SOB O OLHAR DA PSICANÁLISE.

“Mi trabajo psicoanalítico me ha convencido de que, cuando en la mente del bebé surgen los conflictos entre el amor y el odio, y el temor de perder al ser amado se activan, un passo muy importante que se hace en el desarrollo”. [Melanie Klein]

Freud havia chamado a atenção, desde o século passado, para um modelo de atuação narcísica, onde o sujeito se coloca como o centro de todas as coisas. Os adultos desejam ser o centro de atenção da vida da criança. Como Narciso, ficam cegos e fascinados pela própria imagem, que acreditam ver nas ações das crianças.
A CRIANÇA é espelho do que é passado em casa para ela, mas há quem discorda desse pensamento.
“Para a Psicanálise, a palavra da criança precisa ser resgatada. Para que ela deixe de ser objeto dos desejos e necessidades dos adultos, para se investigar como ela pensa, sente, percebe o mundo à sua volta. Para a Psicanálise a criança, o brincar e os brinquedos são processos que precisam ser ainda investigados.
Mas, a criança precisa, sim, ter horários regrados. Isso não quer dizer que os pais devem ser tiranos com seus filhos, muito pelo contrário. Crianças com horários e regras estabelecidas deste bebês condicionam a rotina e aprendizado no seu modo de viver. Sendo assim, os pais conseguem programar seus afazeres e também ter sua vida social. Existem pais que com o nascimento do bebê fazem uma avalanche de problemas, como se a vinda divina daquele ser humano acabasse por virar um conflito.

A transferência de valores dos pais para com suas crianças – revela o tipo de laço social que se teceu no ambiente familiar. Através dela acredita-se que ela reviveria os principais conteúdos emocionais que a marcaram junto aos pais. Na realidade, esta forma de transferência dos afetos entre pais e suas crianças é a captura apenas de uma parte do circuito da convivência entre os pais e as crianças. E possivelmente a forma como a criança irá responder mais tarde, na adolescência e na vida adulta. Mas, os pais devem aprender, que o ser humano já nasce com uma estrutura, entretanto, são os pais, também, que irão fazer com que essa estrutura evolua, da forma como eles irão significando os seus valores para suas crianças.
O uso da atividade lúdica como uma das formas de revelar os conflitos interiores das crianças foi, sem dúvida, uma das maiores descobertas da Psicanálise. É brincando que as crianças revelam seus conflitos. Ao contrário do adulto que se revela pela fala, a criança se revela brincando. No entanto, o brincar e as brincadeiras infantis não podem ser tomados como processos iguais à linguagem e à fala. Eles apresentam uma singularidade típica.

Portanto, a criança é diferente do adulto tem uma linguagem lúdica. A criança revela no brincar o que o adulto revela pela fala. Na análise com crianças, nós, psicanalistas trabalhamos nas sessões de análise de forma diferente do adulto. O adulto se revela através do falar, dos gestos, das expressões, enquanto a criança através dos brinquedos, dos desenhos, e, também, pelas expressões e gestos. Nós, psicanalistas quando atendemos crianças, diferenciamos a dinâmica. Passamos da fala para o brincar, aliás, é através do brincar que pontuamos e levamos a criança a uma experiência emocional corretiva.

As qualidades quantos os defeitos do filho são sim, o que os pais e cuidadores passam a ensiná-los, todos os dias. – A criança deve ter horários para cada evento do seu dia a dia, inclusive horários com alimentação. Alimentos fora dos horários são da responsabilidade dos pais e/ou dos cuidadores, que, ajudam os pais. Assim, como a comida fora de hora ou próximo às refeições distorcem totalmente os horários e os hábitos da criança. – Limites são os meios de aprendizado estabelecidos pelos pais. – A criança se comportará conforme é ensinada e aprenderá o que os pais estão ensinando-a. Tudo depende da educação que os pais irão ensiná-la. A criança conforme for educada com limites e com afeto se tornará um ser humano super querido, simpático, educado e respeitador. Aprendendo respeitar o espaço do outro desde criança – saberá como deve se respeitar – levando para toda sua vida. Nesse contexto, os pais afetuosos, farão o papel de educadores, colocando limites na educação da criança: ela aprenderá o valor que ela tem e que o outro tem – respeitando, assim, as leis da sociedade também – se expressando bem e convivendo bem em um futuro próximo.

“Podemos chamar, com Freud, de “infantil” o que da criança não se desenvolve, e o que não se desenvolve tem a ver com o gozo”.

O que não se desenvolve na infância o indivíduo leva para à vida adulta – o indivíduo adulto preso as fases regressas, ou seja, a uma infância traumática, tirana, sem limites e sem verdades, será um adulto frustrado, tirano e infeliz.

Referências:

(2) Antonio Di Caccia, A transferência — A Escola de Lacan, hoje. Salvador: Editora Fator, 1992, p. 26
(5) Jaques Lacan – A relação de objeto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995, p. 34.
(11) Jacques Lacan, La família. Buenos Aires: Homo Sapiens, 1977, p. 56