“A virtude pode ser muito bonita. Mas exala um tédio homicida e, além disso, causa as úlceras imortais”. Nelson Rodrigues
“O canalha mente. O cafajeste omite.” (Autor Desconhecido)
Em um primeiro momento o canalha pode parecer irresistivelmente sedutor. Mas a maneira de agir nem sempre é a mesma, posto que um único rótulo seja usado para classificar homens com tendências a praticar canalhices: quem se atrever dar seguimento em um romance com um cafajeste e/ou canalha, prepare-se para as frustrações.
A priori o tipo cafajeste é fatalmente sedutor, e, se a autoestima, estiver em baixa e a carência em alta, ele ficará muito mais irresistível. “O cafajeste é propaganda enganosa”, diz Fabricio Carpinejar. Para Carpinejar, a mulher que se deixa levar pelo “cafa” é carente e pouco exigente. “Como ele cria um papel, e certamente será desmascarado, procura as ingênuas. Assim, a farsa dura mais.”
Para os canalhas, a culpa é sempre da mulher. O canalha na sua persuasão faz a mulher frágil acreditar que ela é a culpada pelas falhas dele. E nesse enredo à mulher apaixonada e carente tende a acreditar que ela é quem está errando no relacionamento.
“O ser humano é cego para os próprios defeitos. Jamais um vilão do cinema mudo proclamou-se vilão. Nem o idiota se diz idiota. Os defeitos existem dentro de nós, ativos e militantes, mas inconfessos. Nunca vi um sujeito vir à boca de cena e anunciar, de testa erguida: – Senhoras e senhores, eu sou um canalha.” Nelson Rodrigues
O que será que eles têm que a mulher se sente tão atraída por esse perfil de homem? Eis a questão: entre o cafajeste e o homem leal existe uma diferença. O cafajeste busca na mulher o desejo sexual. E após bons momentos de sexo para a mulher, o “cafa” não é nada poético. Na mente dele há pouca diferença entre uma mulher e outra, ou seja, ele nem difere uma mulher de outra -, mas, em contrapartida, apresenta comportamentos estereotipados. Percebe-se analiticamente que a grande característica do cafajeste é uma péssima relação inicial com as mulheres e também, a falta de um modelo masculino que amasse de verdade uma mulher (pai e mãe). Talvez, o cafajeste tenha presenciado uma relação conflituosa entre os pais.
A síndrome do cafajeste.
Existe um pensar sobre o “cafajeste”, que esse perfil é o responsável pelo rompimento de relacionamentos entre pessoas de bom caráter. Nossos pensamentos têm muita influência sobre nossa mente – quando não se consegue separar a realidade e a imaginação. Quando a mente humana cria uma verdade subjetiva todo seu ser vai girar em torno – e, assim, materializá-lo – como tem afirmado a física quântica. O cafajeste que você se envolveu pode ser o homem que você imaginou. “O homem que à mulher idealizou como o homem ideal”.
A diferença simples entre o canalha e o cafajeste.
O canalha se envolve com a mulher e tem o prazer de comentar a intimidade que teve para os seus amigos, para mostrar aos amigos o quanto é bom – muito embora ele exclua essas mulheres facilmente da sua vida. O cafajeste se envolve intimamente com uma mulher e comenta somente para alguns amigos mais íntimos -, mas o cafajeste mantém contato com a mulher a qual se envolve. Afinal, ele pode precisar dos seus favores quando estiver necessitado de sexo.
Em geral, cafajestes e/ou canalhas não sentem culpa. Mas costumam ser competentes sexualmente.
Existe um dilema nesses perfis: percebe-se comumente que sua relação inicial não foi boa, por exemplo, uma infância agressiva, sobretudo psicológica. A criança, geralmente, sente-se mal amada e maltrata pela mãe – surgindo uma grande atração pelo corpo da mulher – que se apresenta como se fosse para ser explorado e tratado sem muito delicadeza ou preocupação, para repetir com as mulheres, supostamente, o que a mãe fez a ele, ou, a criança na sua infância entendeu que a mãe falhou com ela. É uma espécie de vingança inconsciente, entretanto, com muita satisfação. Isso dá a esse tipo de homem uma enorme facilidade de lidar sexualmente com as mulheres e muita facilidade de ignorar seus sentimentos.
Nesse contexto, esses perfis são uma saída sintomática, não uma escolha, uma busca pelo desejo a todo custo; e, se assim persistir, o sujeito envolvido nesse tipo de relação acabará se distanciando de uma vida digna para si mesmo, sem conseguir retornar à realidade de uma vida amorosa.
Paulo Benjamin
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