“Eu estou bonita, mas não sou bela.
Tenho pecados, mas não sou o diabo.
Sou boa, mas não um anjo”. Marilyn Monroe
INTRODUÇÃO
Marilyn Monroe foi um símbolo sexual que se eternizou e simbolizou o desejo de ser mulher, pois Marilyn é o simbólico-imaginário no desejo de Ser na maioria das mulheres e o desejo de Possuir na maioria dos homens. Inspira até hoje, boa parte das mulheres. Mas no interior daquela diva habitava uma fragilidade emocional e uma personalidade dependente.
Ela possuía uma comitiva que a seguia e a tratava com carinho, satisfazendo seus caprichos e vontades. Assim, era protegida de ser tocada, em sua delicada/fina superfície psíquica. A estrela buscava e exigia o “olhar do outro”, para ter afirmação da sua existência enquanto celebridade. Diante da admiração e veneração do “outro” ela projetava-se e, assim, havia uma transferência dos seus sentimentos. O objeto de amor para Marilyn era aquele que à autorizava – ocupar o lugar de estrela e reconhecimento pela sua carreira.
A diva apresentava um humor que oscilava, por isso, em seus momentos de queda emocional, elegia uma pessoa com quem estabelecia um protagonismo psíquico, que se assemelha muito a relação analítica do Borderline (Transtorno de personalidade limítrofe).
Muito embora, em vários momentos de sua vida, Marilyn, causava a impressão de que portava uma delicada e fina pele psíquica que a protegia do mundo, tal qual um uma criança. “Seus momentos de tensão fazia parecer que Marilyn iria desmanchar-se frente aos olhos, de quem a observava”.
O que é ser Borderline?
“Todos nós conhecemos ou já ouvimos falar de pessoas com personalidades “intensas”, aquelas que sofrem demais, são muito ciumentas, têm explosões de raiva ou de desespero, descontrole emocional ou instabilidade de humor. (…) Assim são os borderlines – quando se trata de emoções fortes, eles parecem imbatíveis. Sempre marcam a vida das pessoas com quem convivem, especialmente se esta convivência for íntima. Ser um borderline ou viver com alguém com essas características é sempre difícil e exaustivo”.
“Transtorno de Personalidade Borderline é uma doença? Como se caracteriza o comportamento de uma pessoa com essa desordem? É mais do que uma doença, é um jeito disfuncional de ser. Uma maneira de lidar com a vida que traz um prejuízo significativo para uma pessoa. (…) Por fim, há uma instabilidade emocional, com mudanças de humor várias vezes ao dia, em função dos acontecimentos, especialmente àqueles relacionados à esfera dos relacionamentos. Quem tem transtorno borderline vai mudando de humor de acordo com as ações da pessoa que é o seu objeto afetivo. É diferente de alguém que tem, por exemplo, transtorno bipolar e alterna dois comportamentos opostos e bem marcados”.
Vale ressaltar, que o Borderline não suporta críticas. Às vezes, em uma amizade e/ou relacionamento a pessoa “chama atenção” do Borderline sobre um tipo de pensamento que o mesmo cria dentro do seu contexto e/ou forma de viver – que o borderline acredita está acontecendo em sua vida. Ou seja, tudo que o Border ouve e/ou pensa sobre si mesmo é com muita intensidade, sendo que por muito pouco os acontecimentos na vida do Borderline, provocam grandes emoções. Fazendo com que, sintam-se rejeitados e totalmente dependentes. Como mencionado acima, Marilyn Monroe, em seus momentos de queda emocional, elege uma pessoa com quem estabelece um protagonismo psíquico.
CONCLUSÃO
Segundo estudiosos a diva era acometida do Transtorno de Personalidade Borderline, pois em alguns momentos circulava entre os polos de humores instáveis, em outros caminhava limítrofe à flor da pele de sua fragilidade. Uma diva que com todo seu carisma e sedução era instigantemente misteriosa. Talvez, por isso, Marilyn Monroe, era tão desejada como mulher – continuando no simbólico e imaginário de todos nós. Uma personalidade envolvente que não se consome no tempo.
REFERÊNCIAS
Autora, Luzziane Soprani
Corações Descontrolados, SILVA, Ana Beatriz Barbosa, editora Fontanar, 266 páginas.
IG São Paulo
vania maria fogli pisaneschi
Sinceramente, foi mais um aprendizado….. coisas muito interessantes…..
É muito difícil mesmo entender… Grata por mais esta grande descoberta. bjs
LEILINHA THOMÉ
ótimo texto, sobre está mulher que foi símbolo sexual, uma mulher ao mesmo tempo forte, também era muito frágil, viveu em lares adotivos, passou por muitos traumas, ela consultava com psiquiatra.
Alexandra Cardoso
Muito interessante esse comportamento, essa doença. Me ajudou muito a lidar com pessoas com essa doença.
Thiago
Novidade! Nao cheguei a ter contato com os materiais dela.
Já li algo referente ao vínculo materno do borderline no nos primeiros meses de vida.
Mas acho que o maior desafio ainda é o dificil diagnóstico.
Rose M.
Muito bom o artigo. Visitei também a pág 14. Acho que têm muitos boderlines sendo diagnósticos como bipolar… Acho que para um diagnóstico é procurar primeiro um médico psiquiatra, sendo boderline ou bipolar.
Tenho parente, amigo, que tem o transtorno bipolar e TPB. Passei a me interessar sobre o assunto.
Um tem causa externa (border) outro tem causa em um desequilíbrio neuroquímico (bipolar), mesmo que haja oscilação do humor em ambas.
O correto seria colher a opinião de um psiquiatra em primeiro lugar, não de psicólogo.
o tratamento é muito diferente para uma e outra enfermidade.
border = psicanálise + medicação de maneira provisória
bipolar = medicação contínua.
Daniela
Oi, desde com 17 anos fui diagnosticada com bipolaridade, mas só aos 31 descobri q na verdade o q tenho é transtorno borderline.
Marcos
Me relacionei por um ano com uma mulher com personalidade boderline.. foi uma experiência muito intensa e desgastante.
Michel
Pessoas assim, sao destrutivas !!! Mesmo sendo uma doença é impossível viver com gente assim !!! E quem insiste em ficar do lado delas vao ficar mais doentes do que elas….. Fui casado com uma, ainda consegui sair em tempo e por sorte nao tivemos filhos.
Manhana Castro
A natureza humana e sua complexidade… são tantas nuances… complicado é conceituar determinados comportamentos, entretanto compreendo que a definição é necessária para concentrar o campo de estudo da psicologia(na realidade de qualquer área trabalha com conceitos diversos). Bjsss querida Luzziane Soprani e obrigado pela dica.
Mel Bustamante
Texto irretocável… Uma interessante abordagem, a partir da diva ‘borderline’ Marylin, que inclusive dá um desfecho típico em sua propria vida… com uma bem didática explanação de um importante tema sobre os disturbios comportamentais.
Parabéns, amiga!
Janaina
boRderline ou boderline?
Batista
Vivi alguns anos com alguém que considero ser, porque se encaixa em todos os sintomas do “border de alto desempenho” (Foram 3 anos de leitura, que consegui até classificar o nível do TPB dela), foi muito difícil se afastar, a gente sai gostando, ela é apaixonante, dizem que são mesmo, ainda amo, mas o sofrimento que causava, era intenso e constante.
Aprendi muito sobre relacionamentos, por exemplo, o amor não é um sentimento, é uma escolha, a gente escolhe pra quem queremos direcionar nossa atenção, investir nosso tempo, nossos planos, nosso carinho….Chegou uma hora que simplesmente cansei de investir, era um cofre furado de sentimentos, os infernos só aumentavam, e aumentavam na mesma proporção que a intimidade.
Aqui, um parêntesis, o sexo! Maravilhoso. Não vou me extender, mas foi a única coisa que evoluiu nesse relacionamento.
Mas cansa ser acusado de coisas que não fez (ou que não disse), cansa estar sempre sobre julgamento (o estoque de acusações é enorme), cansa ter que demonstrar o caráter (você sabe depois de algum tempo se a pessoa presta ou não, impossível enganar alguém por anos), cansa ter que explicar tim-tim por tim-tim em toda narrativa do meu dia, precisa pensar duas, três vezes antes de falar, cansa discutir assuntos passados toda hora, se você viver 40 anos assim, vai ter assunto pacas pra discutir (!!), imagina.
Literalmente era pisar em ovos! Briga porque falei num tom errado, ou minha expressão do rosto não foi adequada, ou aquilo que estou dizendo tem alguma coisa por trás de ruim que estou escondendo, vive buscando algo que vai torna-la infeliz, e eu também.
Parece que não existe memória sentimental, sou o pior cara do mundo em um instante, e o pior é que não precisa de motivo, ela inventa, e só tem uma coisa que acredita, nas próprias dúvidas, nunca acreditará em mim.
Mas os momentos bons foram maravilhosos, fui ao céu várias vezes com ela, e estão gravados na alma.
Mas sabe, quase enlouqueci, me tornei ciumento, descobri mentiras, aprendi a perdoar para seguir, e por mais que perdoasse, nunca assumia os erros, e não aceitava falar sobre eles, complicado ! E então não aprendia, o border não aprende com os próprios erros.
Os intervalos das crises foram ficando menores, até chegar o ponto do insuportável, o ponto em que eu sentia medo dela! Sim!
Quando pensava em ligar, dava um frio na barriga, quando chegava na casa dela, fazia o nome-do-pai, não reagia quando me agredia verbalmente, mas a troco do que ? Migalhas de céu ?
Demora pra cair a ficha, mas se você não tiver um transtorno também (como a cô-dependência por exemplo) você vai sair.
Eu saí.
Mas antes, por saber que era TPB, fui passando por cima de mim mesmo, da minha auto-estima, e fui ficando infeliz.
Muita energia para se ter o básico, o amor de alguém.
Amor é leve, isso era posse.
Não baixava a guarda nunca, e eu te digo, ou você ama, ou você controla. Se entra o controle, o amor sai.
E uma das coisas que ficaram registradas, pelo menos para mim, é que, nosso amor não pode tudo! E sabe porque ?
Porque nosso amor não é um remédio que damos para quem está doente, nosso amor é nossa maior identidade.
Você não é a redenção de ninguém. Você não muda ninguém.
Li casos de pessoas que venceram o TPB, mas a pessoa quis mudar, buscou ajuda.
Quando terminei, ela disse que tinha certeza, que eu é que era um border. Como está em vários textos sobre o TPB.
As vezes faz bem escrever, ainda estou me curando…