O desejo enquanto real não é da ordem da palavra e sim do ato.
Jacques Lacan.
A realidade nos mostra que, os que mais necessitam de um relacionamento a qualquer custo, são os que não se sentem bem consigo mesmo e também não têm facilidade para criar os meios que poderiam proporcionar possíveis encontros afetivos, ainda que incompatíveis. Esses são os verdadeiros “mal-amados”. Não porque sejam pessoas aparentemente menos apresentáveis — muitos são até charmosos e bonitos fisicamente —, mas não conseguem desenvolver características da personalidade que favoreçam os relacionamentos. Alguns tampouco têm noção do que é o amor, porque nunca experimentaram essa vivência, nem com os pais ou a família. Outros só sabem receber amor, sem conseguir dar, e há os que têm dificuldade aguda em criar sintonia com as demais pessoas — passam pela vida como andarilhos vindo de outros mundos.
Sim, todo mundo tem suas imperfeições, porém outras características da personalidade podem servir de equilíbrio. Por esta razão à Psicanálise tem sido de grande valia em diversos casos. A pessoa precisa sentir-se bem para poder se expressar/dialogar ser espontânea (não é preciso ser popular), mas poder criar uma “linguagem” que, desperte diálogo instigante, interesse, desejo, afeto, e assim sentir-se admirado.
Em algumas situações não é fácil avaliar se o sentimento de rejeição vem da dificuldade de relacionamento ou se a determina. Existem pessoas que carregam o sentimento de não conseguirem despertar interesse, e, acabam, por se deixar levar pelas armadilhas de presságios que se desenvolvem: como já se sente rejeitado, se atrapalha, agindo de forma descompensada, não existindo equilíbrio entre razão e emoção, acaba, então, atraindo a rejeição.
Desiludidos, alguns dos “mal-amados” se isolam. Mas há quem, mesmo sem conseguir superar esses obstáculos, sente que, de alguma forma, precisa se relacionar. Para estes, toda forma de amor vale a pena, inclusive as relações superficiais e passageiras, às vezes sustentadas apenas por sexo, que até aliviam os desejos do cotidiano, mas podem produzir vazio na alma.
A situação mantém-se assim até o momento em que alguns tomam consciência e percebem que há caminhos mais consistentes a seguir. Quando se dão conta disso, deixam de ser “mal-amados” e conseguem encontrar dentro de si as causas disso, para se reinventar e então passam viver uma relação afetiva.
Em última análise, há pessoas solteiras que não se sentem rejeitadas. Nutrem sempre a esperança de que alguém está por chegar, lembrando a música Anunciação, de Alceu Valença: “Tu vens, tu vens, eu já escuto os teus sinais”. São ambos os sexos que, apesar de solteiros, estão contentes consigo mesmo, e aproveitam a própria companhia, a dos amigos, dos familiares. Estes estão mais preparados a encontrar o amor-amante-parceiro-amigo, ainda que demore.
Marcelo
Ótimo texto. Parabéns!
Carmen Quartim Madia
Luziane,
Gosto muito desses temas sobre relacionamentos.
Obrigada por vc enviar novamente para minha página no face.
Enquanto ficarmos olhando o outro, na esperança que ele vá resolver nossas questões emocionais, não vamos sair do lugar.
Se as feridas são minhas, eu tenho que olhar para mim, e assumir um compromisso comigo mesmo de virar a página.
O título que vc deu, é muito bom!
” É preciso deixar de ser “mal amado” e aprender a gostar de si.”
Não conheço outro caminho,e é a solução para todos os males.
Bj grande, Carmen
Marielle
Como psicanalista, antes de falar qualquer coisa, temos que saber a verdade dos fatos. Acho antiético usar a profissão para falar sobre alguém que não se conhece, da qual não sabe a história e muito menos sobre o que passou, ainda mais se o que sabe for através de conversas em comentários.
É por atitudes assim que se avalia um bom profissional…
Roberta Rocha
O artigo como sempre muito bom! Linguagem de fácil entendimento. Eu acho que não temos como negar a realidade. O melhor é sempre cortar o mal pela raiz, enquanto não enraiza tudo! Toda verdade ignorada prepara sua vingança. E é o que você fala no texto, a vingança de nos fazer Mal-Amados. Pessoas que por não se amarem sugam as “proteínas” dos outros, melhor dizendo, tudo que temos de melhor, nos deixando um bagaço. Obrigada pelos textos que sempre tem ajudado.
Marielle
Estava respondendo a sua pergunta…
Não me referi ao comentário e sim ao artigo todo, onde inclusive vc faz referência a coisas escritas por mim em um comentário que fiz em outro artigo seu…entendeu agora Dra?
Marielle
Você tem razão seu site é profissional, ainda não havia lido seu e-mail quando recoloquei o comentário. Aproveita que vai apagar esse e apaga também os outros. Quando precisar vou procurar um profissional no consultório dele. Desculpa o incomodo.
Luzziane Soprani
Penso que está havendo uma falta de clareza de sua parte. Você pode estar se identificando com o artigo.
Thiago Augusto
Seus artigos sobre relacionamento são ótimos, me vejo em vários… Porém, pelo caráter generalista acredito que a maioria das pessoas, em relacionamento ou não, se encontram em algum fragmento deles.
Estes chamados de mal-amados são os que necessitam de mais atenção não no sentido de ser aceito pelo outro, mas sim pela auto-imagem carregada, somatizada com passar dos anos. Afinal, eles tem toda capacidade de se tornarem mais amáveis… Força, serenidade e consciência…
Prossiga Luzziane, está 10!!!!
ABRAÇOS
Marta Fabiany
Eu gosto de vir aqui, para mim é um breve aprendizado do outro, que se aplica a nossa vida, não creio que a autora se espelhe em comentários de terceiros, conheço-a profundamente, sei de sua educação, e dedicação plena, seu aprofundamento para com o cotidiano das relações humanas,e quem de nós, não tem ou leva um pouco do outro em si mesmo?
Pena eu não ter muito tempo, mas sempre que eu puder, estarei de longe contemplando vosso sucesso Dra. Luzziane Soprani! Meus Parabéns …