INTRODUÇÃO

Abordamos neste artigo, um assunto relevantemente vivenciado no cotidiano – onde apresentamos características de “personas tóxicas”. 

Alguns estudiosos e especialistas relatam que vivemos uma era com alto grau de toxicidade. Hoje, com o aglomerado de informações digitais, estamos acostumamos a ouvir esse termo com frequência, porém, muitas vezes não sabemos onde está o limite. Mas, se há uma evidência, é que vivemos em um momento marcado pela instabilidade e incerteza e tudo isso é permeado em muitas situações contextualizadas no nosso cotidiano.

Portanto, utilizamos o termo “personas tóxicas”, posto que nos favorecemos do termo “persona”, como forma de representarmos os nossos papéis. Os tóxicos, no entanto, são aqueles sujeitos que exalam situações negativas, podendo carregar de maus fluídos a vida de quem cruza de forma direta e/ou indireta o seu caminho. Geralmente, são extremamente arrogantes na sua forma de atuar. Por isso, os sujeitos tóxicos, são extremamente contagiosos, bem como altamente destrutivos.

Vale ressaltar que, há uma enorme diferença entre confiança e arrogância. Confiança inspira; arrogância intimida. O sujeito arrogante advoga e defende a sua própria teoria, posto que sempre sabe mais e se sente superior àquele a quem fala. Geralmente, assim são as personas tóxicas: não importa o que estão fazendo e com quem estão fazendo, pois dentro do seu contexto acreditam sempre que estão com a razão.

DA PERSONA

O Arquétipo Persona dá ao sujeito a possibilidade de criar um personagem que pode não ser de fato ele mesmo. Dentro de cada persona existe um conjunto de ideias que se originam da sociedade, no qual denominamos regras sociais. A Persona é muito importante para a sobrevivência humana. Através dela, nos tornamos capazes de conviver com o outro, inclusive nos ajuda a conviver com aquelas pessoas que nos são desagradáveis de maneira saudável e equilibrada. Este Arquétipo é ideal quando ele é flexível, ou seja, não é unilateral.

Ela tem o compromisso em expressar a individualidade do sujeito no contexto social rodeado por códigos sociais e as variáveis de outras pessoas.

Inicia-se através da imitação, de maneira inconsciente, dos mais próximos e aos poucos, se torna flexível e individualizado. Sua principal função é a interação de um individuo com o outro. Nossos papéis sociais constitui aspectos da persona.

Na realidade, todos nós, enquanto sujeitos nos beneficiamos das personas, pois no dia a dia, se faz necessário o uso das personas, para que possamos nos reportar aos papéis que desempenhamos. Citamos alguns exemplos clássicos de personas: a persona do profissional, a persona do pai e/ou mãe, do companheiro (a), dentre outras tantas que habitamos.

DAS CARACTERÍSTICAS DE PERSONAS TÓXICAS

A persona tóxica não necessariamente tem um só perfil pré-definido – diríamos que, existem peculiaridades em cada ser e suas subjetivas estruturas.

Vale ressaltar, que, ao falarmos das estruturas, precisamos compreender que estamos retratando o tema deste assunto: “persona TÓXICA”, ou seja, a estrutura que cada perfil habita. Com este embasamento, fica mais elucidativo o entendimento, posto que não podemos generalizar o sujeito por um único ponto de vista. Sabemos que estruturas mudam todo o entendimento e as consequências do julgamento perante a lei, muito embora, ninguém está isento de julgamentos e punições perante a lei. Cada caso deve ser analisado de forma singular.

Desse modo, retrataremos as estruturas para compreendermos cada caso. Por exemplo, em psicanálise, bem como em psiquiatria, conceituamos as três estruturas clínicas, que são: neurose, psicose e perversão e/ou psicopatia, as últimas duas têm o mesmo significado. Ou então vejamos: a imagem deste artigo retrata dois personagens de filme e série, com estruturas diferentes, porém, ambos são tóxicos.

O personagem do filme: “Coringa” – “Arthur Fleck”, se enquadra na estrutura psicótica, em contrapartida, a personagem “Zulema Zahir” da série “Vis a Vis”, é uma psicopata. São estruturas diferentes, mas dentro das suas subjetivas estruturas e formas de viver trazem suas toxicidades. Contudo, existe ainda uma terceira estrutura que são os neuróticos – esses considerados “normais” para a sociedade, haja vista o neurótico sente culpa pelos danos causados ao outro, bem como a sociedade. Ou seja, o neurótico entende as regras das leis e os julgamentos da sociedade – o que os outros dois perfis citados como exemplo, não respeitam e rompem com as leis da sociedade. Embora o objetivo do assunto seja específico – esclarecer os conceitos das estruturas é imprescindível para que possamos entender – quais são as personas que entendem perfeitamente o que estão causando ao outro e seu respectivo sentimento e entendimento do dano causado.

No caso do personagem “Coringa”, que se enquadra em um quadro de psicose – quando em surto psicótico, rompe a barreira da razão e realidade, não tendo consciência do mal que causa ao outro, no entanto, sofre muito! E de tanto sofrer e não se expressar, surta.

No caso da personagem “Zulema Zahir” que se enquadra dentro da psicopatia, a todo momento sabe exatamente o mal que faz ao outro, pois esses sujeitos, costumam ser 100% razão, e, geralmente, não sentem emoção alguma. Ou seja, não tem remorso pelo mal que causa ao outro. E tudo o que faz é muito bem planejado. Como são pura razão sabem exatamente o custo e benefício de suas ações.

No caso dos neuróticos, quando em crise, sofrem muito, pois quando perturbados sabem o mal que estão causando ao outro, ou seja, sentem culpa/remorso pelos danos causados. São sujeitos com consciência do que fazem. Assim, têm a razão e a emoção funcionando.

Portanto, entender a estrutura que cada sujeito habita faz toda a diferença na ação. Se soubermos interpretar a condição estrutural da persona tóxica, saberemos tomar a decisão mais acertada. Muito embora não seja tão simples.

DA TOXICIDADE FAMILIAR

Na realidade, sabemos, que não falta esse tipo de perfil na família. Sujeitos que, devido à sua personalidade estrutural ou situação particular, expressam comportamentos prejudiciais em relação aos membros da família, bem como filhos, país, parceiros e irmãos. Nesses casos, o impacto e o desgaste podem ser maiores porque há o componente emocional, um vínculo de proximidade envolvido.

Agora, o que precisamos entender é que todo comportamento tóxico não tem lógica. Entender isso nos ajudará muito. Isso porque deixaremos de dar tanta relevância a uma série de atos e palavras sem sentido, onde quase exclusivamente se pretende projetar desconforto, frustração e emoções negativas em alguém.

Mas, vale ressaltar, que não podemos deixar de observar se o sujeito não está atravessando conflitos psicológicos. Nesses casos, há que se buscar ajuda terapêutica e psiquiátrica, haja vista o contingente de transtornos e síndromes psiquiátricas que estão envoltos pelo véu da toxidade, inclusive, apresentado no capítulo acima. Muitas vezes, estamos muito mais próximos das patologias psiquiátricas do que possamos e/ou queremos enxergar.

CONCLUSÃO

É praticamente impossível não nos depararmos com esse perfil no cotidiano. No entanto, precisamos atuar no combate as mazelas desses sujeitos de maneira eficaz. Não podemos permitir que a toxicidade desses sujeitos afete à nossa saúde. É, perfeitamente compreensível, que pôr em prática, o que advogamos na teoria não é tarefa fácil, pois, muitas vezes esses sujeitos já vêm nos emaranhando de toda uma vida. E é, por isso, pelos obstáculos que conseguem nos colocar, que devemos aprender a olhá-los pela razão. Assim, passar a possuir habilidade psíquica para se desvencilhar desses perfis psicológicos patológicos. É evidente que demandará um tempo para nos libertar, já que as personas tóxicas são peritas em em nos intoxicar. Por isso, o foco é mudar os nossos comportamentos, ou seja, nos retirar da posição de salvadores de vítimas. É impossível ajudarmos alguém que não queira assumir a responsabilidade por si mesmo.

Autora, Luzziane Soprani