O Transtorno de Personalidade Borderline pode ser confundido com Depressão. Na realidade, a depressão é um dos sintomas que, mascaram inúmeras outras doenças, que, concomitantemente, a depressão está associada, mas, geralmente, só ouvimos falar na depressão, mascarando os demais sintomas e transtornos associados. No Transtorno de Personalidade Borderline, por exemplo, o sujeito tem emoções perturbadas, bem como comportamentos impulsivos e oscilação de humor.

Pesquisas afirmam que, o Transtorno Borderline é mais comum entre mulheres.
Ou então vejamos: a pessoa com Transtorno de Personalidade Borderline sente tudo com maior intensidade. Se o Borderlaine discutir com um familiar e/ou um amigo, a situação não será resolvida com uma conversa. No entanto, para uma pessoa com depressão, a discussão pode desencadear apatia por um período curto de tempo, mas a situação será resolvida com uma conversa – esclarecendo o que não gostou – e, assim, se reconciliaram novamente. Já para uma pessoa Borderline, a situação pode parecer um terremoto. Motivada pela impulsividade que essas pessoas sentem, a reação pode se tornar exagerada, recorrendo até a automutilação.

Enquanto o sujeito com depressão fica mais fragilizado diante de algumas situações, o borderline costuma ser reativo. Eis um ponto expressivo entre ambos os transtornos.

“Reações exageradas – são frequentes em pessoas com esse transtorno – tornando isso um padrão comportamental, o que diferencia de comportamentos esporádicos.

O Borderline, conhecido também como: Transtorno de Personalidade Limítrofe (fronteiriço) se encontra no limite da fronteira entre a loucura e a sanidade. É um transtorno de personalidade em que a pessoa não consegue lidar de maneira adequada com seus sentimentos. No passado, o termo era conhecido como uma situação pré-esquizofrênica, sendo um limite entre a esquizofrenia (“loucura”) e a sanidade e/ou personalidade (“normal”). Com a evolução do diagnóstico, entendeu-se que eram transtornos diferentes, mas a nomenclatura continuou a mesma.

Segundo pesquisas, atualmente, existem cerca de 10 tipos de transtornos de personalidade diagnosticados. Esses transtornos possuem características comuns, como atitudes inflexíveis frequentes que causam prejuízos para a vida do Borderline.

“O Borderline pode trazer sintomas depressivos, o que pode levar a uma confusão no diagnóstico. Pessoas com transtornos de personalidade – em função do sofrimento que o transtorno causa – podem estar mais sujeitas a ter também a depressão. Entre as características do Transtorno Borderline estão a instabilidade — grande sensibilidade com oscilação entre a idealização, raiva, desprezo, impulsividade, esforços intensos para evitar o abandono, seja esse real ou temido – e, devido a esse medo, ter ideias paranoides, alucinações e momentos dissociativos”.

Outras particularidades do transtorno estão relacionadas à definição da autoimagem, comportamentos ligados à automutilação e ao suicídio e sentimento crônico de um vazio.

Embora possam ser confundidos, o transtorno de Personalidade Borderline é diferente do Transtorno Afetivo Bipolar. Para psiquiatras pesquisadores/estudiosos, a Bipolaridade é caracterizada por fases em que o paciente sente depressão, agitação ou impulsividade, enquanto o Borderline ocorre de maneira constante.

O Transtorno de Personalidade Borderline acomete de 1,5% a 3% da população, sendo mais comum entre mulheres e com a maioria dos diagnósticos realizados entre o final da adolescência e o início da vida adulta. Esse diagnóstico, geralmente, só pode ser confirmado, após os 18 anos, porque, entende-se que o sujeito esteja com sua personalidade formada. O diagnóstico, então, é realizado em clínica por meio do histórico do paciente. 

“Diferentemente de outros transtornos psiquiátricos, os transtornos de personalidade não possuem a característica de falta de substâncias neuronais e falha na recepção de serotonina (neurotransmissor que regula a sensação de bem-estar), como a depressão”.

As causas do transtorno são múltiplas, sendo mais frequentes em pessoas que sofreram traumas, como agressões, abandono e abusos (emocional ou sexual) ainda na infância.

“Segundo estudiosos, não há cura para o Transtorno de Personalidade Borderline, mas existe tratamento, sendo a psicoterapia obrigatória e medicamentos, como antidepressivos a estabilizadores de humor, recomendados de acordo com cada caso. O tratamento psicoterápico é fundamental para que o paciente possa ter controle emocional, além de ajudá-lo a amadurecer. “Ele consiguirá perceber e modular suas reações”.

O transtorno tende a melhorar com tais abordagens e com o passar da idade, podendo estabilizar em torno dos 40 anos. Porém, alguns sentimentos podem ser contínuos ao longo da vida, como a sensação de vazio, e podendo necessitar da continuidade do acompanhamento psicológico para a manutenção dos sintomas.

CONCLUSÃO 

Portanto, para ajudar pessoas com o Transtorno de Personalidade Borderline, é importante que amigos e familiares tenham conhecimento do comportamento e o nível de tolerância dos acontecimentos no cotidiano. Evidentemente, é importante demonstrar amorosidade, atenção e ter posicionamento firme, quando necessário.

Autora, Luzziane Soprani

REFERÊNCIAS

Fernandes, Fernando – Programa de transtornos do Humor – Instituto de Psiquiatria – HCFMUSP – Médico Pesquisador – Hospital das Clínicas de São Paulo

  • Bottura, Henrique Moura Leite – Compêndio de Clínica Psiquiátrica Colaborador nos capítulos – Impulsividade e Transtornos do Controle dos Impulsos e Transtornos de Personalidade.