O sintoma é a inscrição do simbólico no real.

Jacques Lacan.

O presente artigo tem o propósito de promover um debate interno e externo, e, assim, externar os sentimentos e pontos de vista.
As redes sociais e sites de relacionamentos são meios para nos dar mais expectativas de novas amizades e novos encontros e/ou se perder nesse emaranhado de opções. Existe um contingente de redes e sites de relacionamentos, que levam as pessoas as vitrines virtuais – isto é, um mal ou um bem?

Estamos nos utilizando desses mecanismos para passar o tempo, por necessidade ou por puro vício? O pensar dos internautas pode se resumir nestas frases: “Todos que estão à minha volta estão tendo um dia espetacular!”, ou por outro lado, “a pessoa tal está mesmo feliz ou deprimida?” Por isso, as redes sociais e sites relacionamentos são formas que espelham os humores. Mas, da mesma forma, também podem exagerá-los, pois, normalmente, falta-lhes contexto, ou serve para passar aos “amigos” uma imagem muito pouco real do que vai à alma.

Geralmente, nas redes sociais ou se tem uma vida espetacular, pulverizada em fins de semanas e viagens fantásticas – saídas à noite estupendas – ou se tem uma existência marcada pela depressão e pela tristeza -, espelhada nas postagens e legendas manhosas. Nas redes, todos são solidários ou insensíveis ao partilhar, não partilhar exibições – todos estão loucamente a favor de uma ideia ou contra – todos têm amigos estupendos ou apenas “amigos de longe”. Nesse ponto de vista, a aceitação de serem curtidos e/ou comentados traz prazer ao ego! Ora eufóricos, ora deprimidos como se fossem “bipolares”.

Os usuários, no seu exagero, não têm meio termo na Internet. Portanto, como o fenômeno das redes sociais e sites de relacionamentos fazem cada vez mais parte do cotidiano da humanidade -, vale pensar se tal fato nos alegra ou nos deprime.
Nos pegamos, assim, invejando a vida do outro, que parece ser um mar-de-rosas. Nos pegamos, também, fingindo que adoramos uma festa e/ou uma viagem em que não nos divertimos, mas tiramos fotos pensando em colocar na rede. Todavia, em tempos de redes sociais: uma relação só será sólida se for anunciada Online. Não raro existem aqueles que ficam chateados se um amigo não os parabenizou no seu aniversário e/ou colocou àquelas fotos que tiraram em algum lugar em um determinado evento.

Geralmente, as redes como espelho das vivências, servem para passar ao outro aquilo que são, ou melhor, a imagem que querem que os outros tenham de si. A diferença entre imagens está na filtragem que cada um faz daquilo que partilha. E o resultado influência os que o seguem… Nesse ambiente, onde se acumulam pessoas como quem coleciona “determinado objeto”, os humores influenciam ainda mais gente e têm mais pessoas influenciando o vosso humor.

As redes, como qualquer tecnologia são neutras. São boas ou ruins dependendo do que se faz dentro delas. E nem todo mundo aprendeu a usá-las a seu próprio favor. As redes podem ser úteis para fazer e manter amizades separadas pela distância ou pelo tempo e para unir pessoas com interesses comuns. Em excesso, porém, o uso das redes e sites de relacionamentos pode ter um efeito negativo: as pessoas se isolam e tornam-se dependentes de um mundo de faz de conta, ou serve para encontros fugazes, em que só se sentem à vontade para interagir em um faz de conta sem criar laços sólidos à margem da impessoalidade.

Em última análise, o ambiente virtual apenas intensifica e potencializa comportamentos que já estão presentes na pessoa. No entanto, mesmo aqueles que tentam criar uma personalidade positiva têm dificuldades em escapar de quem eles realmente são na vida real. “Se a pessoa tem traços de personalidade mais amargos, é comum que na internet seus comentários sejam mais ácidos, ou, nas entrelinhas, a pessoa deixa escapar algumas pistas.”

O que é um espelho? É o único material inventado que é natural. Quem olha um espelho, quem consegue vê-lo sem se ver, quem entende que a sua profundidade consiste em ele ser vazio… esse alguém percebeu o seu mistério de coisa. Clarice Lispector