INTRODUÇÃO

Este artigo aborda a ética da psicanálise que é transmitida antes de tudo a partir da experiência intensiva do psicanalista, principalmente por meio da investigação da expressão do sujeito.

“O desejo da psicanálise não é o mesmo desejo dos orientadores de comportamento.
O inconsciente da psicanálise não é o mesmo inconsciente das práticas psicológicas.
O recalque da psicanálise não é o mesmo recalque da inveja cotidiana.
A escuta da psicanálise não é a mesma escuta do gerenciador de conflitos.
O gozo da psicanálise não é o mesmo gozo do dicionário que consiste em prazer.
As palavras servem a um vocabulário os conceitos servem a uma ética”.

Estamos vivendo um tempo em que tudo tem que ser resolvido na velocidade do mundo digital, com isso muitas linhas de motivação e autoajuda foram surgindo, portanto, se diferencia exponencialmente do tratamento psicanalítico. A psicanálise leva o sujeito a realidade de forma a não ludibriar o seu sintoma. Na realidade, se houvesse “cura” dos processos psíquicos, bem como os transtornos e síndromes estruturais, não haveria doenças psicossomáticas. Ademais, não se trata as estruturas: neurótica, psicótica, perversa e/ou psicopática, em sessões de autoajuda e/ou motivacionais. Nessas sessões, supostamente, milagrosas o sintoma ficará latente, mas a causa não será tratada.

É necessário saber que o sujeito psicopata, por exemplo, se beneficia das sessões de terapia, pois lhe dá mais poder através do conhecimento adquirido em cursos e sessões de terapias breves. Nós, enquanto profissionais da condição humana – não podemos acreditar que vamos conseguir curar e/ou ajudar o sujeito de estrutura psicótica, com sessões de terapia, pois, a terapia só ajudará se houver acompanhamento médico. Na psicose, temos ramificações de transtornos diferentes, cito como exemplo, a esquizofrenia, mas temos outros transtornos que não, necessariamente, são tão visíveis como a esquizofrenia, por isso, é necessário o acompanhamento psiquiátrico. Isto não pode ser negligenciado.

Mas é importante ressaltar a diferença entre psicose e psicopatia. A primeira necessita de acompanhamento psiquiátrico e terapia – a segunda não têm cura. Costumo falar em meus artigos, que o psicopata é 0% emoção e 100% razão. Ou seja, é frio e calculista. Tudo o que faz é premeditado. Quando fere alguém não sente culpa ou remorso algum! E ao contrário do que se pensa são seres sociáveis. O psicopata tem uma lábia que os neuróticos não conseguem ter. Na estrutura neurótica – os seres sociáveis – ou seja, o sujeito que obedece e internaliza às leis da sociedade, que ao contrário do psicopata: sente culpa e remorso, quando prática um ato contra alguém – pode entrar em crise existencial. O neurótico precisa, também, de acompanhamento psiquiátrico e terapia, para lidar com os eventos da vida. Não que isso seja regra.

CONCLUSÃO

Por tudo, ao implicarmos o desejo do sujeito no processo de tratamento, ocorre a transferência, o que daí resulta o fato de predestinar-se, a rememorar as fases vividas e que nem sempre estão a nível consciente, por isso mesmo, à destituição – destituição essa assinalada como efeito indelével da política da falta-a-ser levada a sério. Assim, devemos nos atentar para as ofertas das instituições do comportamento que leva o sujeito a crer na “cura midiática”. Para tanto, este assunto não se encerra por aqui, deixaremos em aberto para uma possível discursão em um próximo artigo.

REFERÊNCIAS

Autora, Luzziane Soprani

ALBUQUERQUE, Flávia – Citação. Ponto Lacaniano